Projeto: Estudo de solução de impermeabilização de pavimentos
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Objetivos
CONTEXTO E MOTIVAÇÃO
O presente projeto tem por base a I&D levada a cabo no processo de reabilitação do edifício IvensArt, o qual assenta na valorização artística e patrimonial dos elementos existentes a restaurar/conservar ou novos a replicar/reintegrar, cujo valor é elevadíssimo.
A existência de tais elementos no edifício teve um impacto imenso nas decisões da Equipa de Projeto, pelo que se equacionou o presente projeto de I&D, pois a HCI perante um edifício pombalino com as características inerentes a esse tipo de obra (edifício muito antigo em que o soalho e o teto estão diretamente assentes nas vigas - não existe cota suficiente para garantir a impermeabilização), bem como o valor patrimonial da arte presente nesta obra, entendeu como sensíveis à presença de água e/ou humidade os seguintes elementos de valor patrimonial a conservar, restaurar ou executar:
- Pinturas decorativas, executadas em tetos de estafe ou gesso cartonado;
- Estuques decorativos artísticos executados em tetos de estafe ou gesso cartonado;
- Pinturas decorativas em paredes, executadas sobre paredes de gesso cartonado e estuques novos ou já existentes;
- Azulejos seculares assentes em paredes, a restaurar e reintegrar em paredes de existentes.
Neste sentido, tornava-se crucial determinar uma solução que permitisse efetuar uma total impermeabilização do soalho e teto, diretamente assente em vigas de madeira, uma vez que, até então, não existia nenhum tipo de impermeabilização indicada para aplicar sobre madeira, tendo-se obrigatoriamente de estudar a compatibilidade entre materiais, bem como determinar as condições ideais de colocação do soalho com impermeabilização, de modo a evitar que, em caso de fuga de água nas casas de banho ou cozinhas, isso passasse para as paredes ou tetos, o que provocaria a destruição das pinturas decorativas e dos estuques artísticos.
OBJETIVO
Em face do exposto, o projeto em apreço tem como objetivo o estudo e determinação de uma solução de impermeabilização exequível para aplicação direta entre o soalho e as vigas, tendo presente que se deverá garantir a boa combinação das seguintes variáveis: performance, desempenho, estabilidade, durabilidade, dureza e retração, ação mecânica, uma vez que não existe cota disponível para aplicação de betonilha para esse propósito, solução usual para este tipo de situação. Torna-se assim fundamental conhecer ao pormenor as características dos materiais envolvidos, de modo a evitar casos de incompatibilização química ou física.
Atividades realizadas
INCERTEZAS
A incerteza técnica subjacente à realização do presente projeto pode ser sistematizada na seguinte questão: “Como assegurar a total impermeabilização do soalho diretamente assente nas vigas de madeira do edifício, dado que não existe cota disponível entre os dois elementos para aplicação das soluções de impermeabilização habituais e, por outro lado, como determinar qual o produto a aplicar capaz de realizar a aderência pretendida e ideal, dado que os produtos são multicomponentes e possuem inúmeras composições possíveis e não é possível determinar o comportamento que a flutuação do soalho e as suas tensões irão ter no comportamento de qualquer produto?”
ATIVIDADES
Aquando do desenvolvimento do presente projeto, existiu uma preocupação constante pelo facto de apenas se estar a impermeabilizar as zonas húmidas, não estando prevista qualquer impermeabilização nas restantes zonas, nomeadamente em divisões com dispositivos.
Posto isto, o trabalho de I&D subjacente ao presente projeto iniciou-se pelo estudo e análise aos projetos de execução para proteção dos elementos patrimoniais, a saber:
- Zonas Húmidas: cozinhas e instalações sanitárias com duche e/ou banheiro (não autonomizáveis): a impermeabilização destes espaços passa pela aplicação de telas de impermeabilização “DITRA 25”. Não pondo em causa a garantia de funcionamento desta situação, a eventual fuga de água quer associada à canalização, quer associada à utilização, implicaria que no vão de entrada do espaço se proporcionasse a passagem de água para o piso inferior. De salientar que as canalizações da rede de água e da rede de esgotos são desenvolvidas abaixo da laje existente e acima do teto falso da fração do piso inferior. Esta solução fará que qualquer mau funcionamento destas instalações provocasse, de forma instantânea, danos imediatos em tetos e paredes.
- Zonas de instalações autonomizáveis – dispositivos: a impermeabilização destes espaços passa pela aplicação de telas de impermeabilização “DITRA 25”. Não pondo em causa a garantia de funcionamento desta situação, a eventual fuga de água quer associada à canalização, quer associada à utilização, implicará que no vão de entrada do espaço se proporcione a passagem de água para o pavimento do piso onde se instalará o dispositivo. De salientar que as canalizações da rede de água e da rede de esgotos são desenvolvidas abaixo do pavimento sobrelevado do dispositivo, nomeadamente entre pavimentos do piso e dispositivo e ainda abaixo da laje existente e acima do teto falso da fração do piso inferior. Esta solução fará com que qualquer mau funcionamento destas instalações provoque, de forma instantânea, danos imediatos em tetos e paredes.
- Ausência de impermeabilização: A ausência de solução para impermeabilização dos pavimentos para reter ou mesmo retardar a passagem de água para o piso debaixo implica o dano instantâneo nos tetos e paredes, inclusive nos elementos patrimoniais.
Seguidamente, procedeu-se também à análise do risco de incidente potencialmente causador de danos:
- O presente projeto levará, na opinião da HCI, a uma instalação muito carregada de carga hidráulica, dado o número e extensão de tubagens associadas às redes de distribuição de água, de esgotos, de aquecimento e de esgotos condensados;
- Agravando esta situação, grande parte desta tubagem estará “solta”, em desvão de lajes e tetos ou dispositivos e pavimentos;
- Daqui resultam riscos de algumas deficiências nestas tubagens que podem perdurar para lá dos ensaios finais, também para a vida útil do edifício, pois o normal desgaste das instalações levará, em algum momento, a incidentes;
- À parte da natureza da instalação existe o risco, natural, da ação do utilizador, permitindo a libertação de água nos pavimentos por acidente ou desleixo.
Quando se analisam os vários riscos deste projeto e a ausência de solução de impermeabilização ou de solução que retarde a infiltração de água piso a piso, conclui-se que em poucos minutos após um incidente, do tipo atrás descritos, se iniciem danos que com enorme probabilidade serão em elementos patrimoniais valiosos, de recuperação dispendiosa e muito morosa. Este é, aliás, o motivo pelo qual a Equipa de Projeto se propôs a estudar uma solução que permita contornar esses riscos.
Em face do exposto, a HCI dado o principal condicionante para a execução de um sistema de impermeabilização absolutamente eficaz teve de considerar o seguinte:
- Determinar a quantidade de furos a executar no pavimento para permitir a execução de todas as instalações técnicas (instalações elétricas, AVAC e águas e esgotos);
- A impossibilidade de executar um sistema de impermeabilização que implique a alteração das cotas dos pavimentos, visto estarem condicionadas pelas cotas das soleiras existentes;
- Sistema de fixação do pavimento de madeira com recurso a pregagem;
- Manter garantia do processo de colagem do soalho.
Posto isto, a HCI realizou algumas pesquisas no mercado ao nível de fabricantes de produtos para impermeabilização, nomeadamente: BASF, SCHLUTER SYSTEMS, MAPEI. No entanto, dada as incertezas atrás referidas, apenas a BASF (Solução A) e a SCHLUTER SYSTEMS (Solução B) apresentaram soluções potencialmente viáveis ao nível da capacidade de retenção e retardamento de uma possível infiltração, apesar de mesmo assim não ser possível ter 100% de garantia sobre a sua real eficácia.
Assim, a Equipa de Projeto procedeu à realização de dois estudos, um com cada solução, designando-os por Estudo Solução A e Estudo Solução B, de modo a ser possível extrapolar conclusões sobre a sua potencial exequibilidade à obra e desafio em questão.
Deste modo, no que concerne à Solução A (Solução BASF), o sistema proposto foi o MasterSeal Roof 2689 com aplicação do primário MasterSeal P691, aplicação de membrana impermeável, com remate no perímetro até uma altura mínima de 15 centímetros. Avaliou-se a possibilidade de a membrana MasterSeal M689 poder ser utilizada para a impermeabilização e proteção de diversas estruturas, especialmente em casos em que seja necessária elevada resistência química e mecânica.
Por outro lado, no que respeita à Solução B, esta propõe a aplicação de lâmina elástica e transpirável de polietileno, rematando a 15 centímetros de altura na periferia. Determinou-se que este sistema permitia o movimento do suporte de contraplacado de pinho, permitindo assim a sua respiração.
Ao nível da aplicação dos produtos da Solução B verificou-se que se devem seguir os seguintes passos, sobre suporte com planimetria regularizada:
- Colagem total da lâmina com cimento cola, utilizando um pente de 6 mm, em toda a área dos pavimentos, a subir na periferia aproximadamente 15 cm de altura;
- Selagem de todos os pontos críticos (uniões, cantos, arestas, passagem de tubos/tubagens, caixas elétricas, etc.) por colagem;
- Realização da proteção mecânica do sistema, através da aplicação de um barramento fino (com argamassa elástica) em toda a superfície de impermeabilização.
Paralelamente, a Equipa de Projeto procedeu ao estudo técnico sobre qual a melhor solução de pavimento a aplicar no projeto, de modo a contornar os desafios anteriormente referidos, sendo que o projetista da obra tinha definido que o material que pretendia utilizar deveria ser contraplacado de pinho de 15 mm de espessura aplicado sobre vigamento de madeira de pinho, assente sobre uma banda resiliente; soalho Angelim Pedra com 25 mm de espessura e réguas com 1800 mm de largura Para o efeito, foram definidas diferentes etapas a ter em consideração, nomeadamente:
- Considerar a performance/desempenho/estabilidade requerida ao componente;
- Determinar a classe de risco para a situação em que o componente será utilizado e os agentes biológicos que o poderão ameaçar, para madeira acima do solo e coberta;
- Avaliar se a durabilidade natural da madeira a ser empregue é suficiente ou não.
Por fim, procedeu-se à realização de ensaios de modo a verificar se a madeira em causa apresentava boa estabilidade dimensional, suficiente dureza e boa retração para pavimentos e ainda a durabilidade, nomeadamente no que respeita a térmitas. Adicionalmente, teve de se verificar o teor de água, o qual se deveria situar entre os 9+-2%.
Resultados alcançados
Após a realização das atividades de suporte ao projeto, concluiu-se o seguinte:
- A Solução A tem um processo de execução mais célere em obra;
- A Solução B, do ponto de vista técnico, é a mais indicada para a impermeabilização dos dispositivos, cozinhas e instalações sanitárias não autonomizáveis;
- Dever-se-á deixar uma junta de 3 mm entre o soalho e a bordadura;
- O contraplacado deve ser contrafiado e aplicado de forma perpendicular ao pavimento. Deve ser deixado uma junta entre placas de 10-15mm. Os topos das placas devem terminar sobre barrotes/vigamento e o sistema de fixação parafusos;
- O sistema de fixação do soalho deve ser misto: colagem e pregagem. Para a colagem deverá ser utilizada uma cola PU monocomponente, em contínuo, e no caso de falta de nivelamento, cordão com espaçamento mínimo de 20 cm, com boa elasticidade e fixação por parafuso (espaçamento 35 cm);
- A obra deve encontrar-se fechada e não existir focos de humidade, de modo a garantir as condições higrotérmicas ideais, de modo a manter as condições de temperatura, humidade e qualidade do ar interior e assim não afetar as condições quer químicas quer físicas do espaço.
